segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Mobilidade: uma obra no papel e muitas dúvidas na cabeça

Audiência pública mostra que donos de imóveis que serão desapropriados na Zona Oeste convivem com incertezas

Desconhecimento, dúvidas e medo. Foram as sensações afloradas por dezenas de moradores da Zona Oeste de Natal no auditório do Centro de Tecnologias do Gás & Energias Renováveis (CTGás/ER) durante audiência pública sobre as desapropriações previstas nas obras de mobilidade urbana para a Copa do Mundo de 2014. Os representantes da Secretaria Municipal de Obras Públicas e Infraestrutura (Semopi) informaram que serão desapropriados inicialmente 429 imóveis no primeiro lote, no qual estão previstas intervenções no Complexo da Urbana, avenida Mor Gouveia e BR-226. Responsável pelas desocupações, o Município espera resolver as pendências com um montante de R$ 25,8 milhões, valor que pode aumentar dependendo do rumo das avaliações técnicas dos terrenos e futuras negociações com a população.


Prefeitura estima fazer 429 desapropriações no primeiro lote da mobilidade Foto:Fábio Cortez/DN/D.A Press
Convocada pelo Ministério Público como uma forma de prestação de contas do Município com a população que será afetada pelas desapropriações, o encontro mostrou que a maioria dos moradoresdesconhece os projetos e não recebeu notificação alguma se o imóvel estava ou não nos limites das intervenções. Muito além das planilhas e maquetes apresentadas como o desenvolvimento da mobilidade urbana de Natal, estão histórias de pessoas que moram há décadas na região e terão de continuar a vida em outro local com o dinheiro proveniente das indenizações. Com o contrato da ordem de serviço prestes a ser assinado com a Caixa Econômica Federal (CEF), ficam perguntas como: Quando vou ter de deixar minha casa? O dinheiro vai dar?

Morador da avenida Capitão Mor Gouveia há 37 anos e um dos coordenadores da Associação dos Atingidos pelas Obras da Copa, Marcos Reinaldo da Silva critica a falta de diálogo com a sociedade desde que o projeto foi anunciado. "O problema de cada um vinha sendo visto de maneira específica. Não conhecíamos o projeto como um todo", afirma. De acordo com Marcos Reinaldo, não houve abertura, por exemplo, para a sugestão de projetos alternativos relacionados às intervenções. Para o coordenador do Comitê Popular da Copa, Marcos Dionísio Medeiros, a população não teve voz em nenhum momento. "Não se chamava a sociedade civil para o debate porque os projetos ainda estavam sendo elaborados, e agora não há mais tempo para mudanças", reforça.

Com a expectativa de concluir as obras até dezembro de 2013, o titular da Semopi, Sérgio Pinheiro, praticamente descarta projetos alternativos. "Qualquer alteração será um custo a ser assumido pela prefeitura e as obras perdem celeridade", explica. Sobre a demora para assinatura dos contratos para os projetos, fruto de pendências com a Caixa Econômica, o secretário ainda não tem previsão de quando tudo estará resolvido. As questões dizem respeito a composições de preços de planilha, que precisam de uma reavaliação por parte do Município. A documentação tem de ser enviada com as devidas correções para que as obras possam começar.

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FONTE: Diario de Natal

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