Masaí e João Henrique têm de disputar carteira em sala de aula Fotos: Carlos Santos/DN/D.A Press |
Segundo os números fornecidos pelo setor de estatísticas da SEEC, de 61.353 alunos que ingressaram no 1º ano do ensino médio em 2010, apenas 39.458 conseguiram chegar ao 2º ano em 2011, o que corresponde a 64% do total, ou seja uma redução de cerca de 36%. Os mesmos dados mostram que de 46.585 estudantes que se matricularam no 2º ano em 2010, um total de 33.450 chegaram ao 3º ano, representando cerca de 71%, ou uma queda de 29%. Somando as reduções nas matrículas, do 2º ao 3º ano, que chegam a assombrosos 27.903 alunos a menos, o percentual de 45,48% pode ser entendido como abandono ou reprovação. Ou seja, apenas 54,52% dos alunos do ensino médio das escolas estaduais conseguem chegar ao último ano do ensino médio.
Resta saber quantos desses alunos chegaram a concluir o ensino médio e, consequentemente, efetivaram inscrição no vestibular da UFRN. Essa é uma estatística difícil de saber, pois nos relatórios da Comperve consta apenas o número de alunos oriundos de escolas públicas, incluindo numa só estatística as unidades de ensino estaduais e também os Institutos Federais de Educação Tecnológica (IFRN), além da Escola Agrícola de Jundiaí (da própria UFRN), que são referência em aprovação no vestibular, o que termina por mascarar a realidade.
Greves atrapalham
Não bastasse a baixa qualidade da aprendizagem desde o ensino fundamental já confirmada pelos sistemas de avaliação brasileiros, a greve de 90 dias dos professores da rede estadual foi o que mais contribuiu para selar o desânimo nos concluintes da rede pública. Sem aulas durante um longo período e sem ter acesso a nenhum cursinho da cidade, o estudante segue tomando como norte a própria sorte e sentindo-se despreparado para concorrer com quem tem uma grande bagagem de conteúdo, cujas escolas oferecem toda estrutura pedagógica com uma rotina ininterrupta de aulas e com o foco direcionado para a aprovação nos exames.
Wagner e Mariana, privilégio de estudarem em escola privada |
Para amenizar a situação de deficiência de conteúdo dos concluintes devido à greve dos professores, o governo do estado fez parceria com universidades, que abriram vagas em aulões para 460 alunos concluintes.
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