sábado, 5 de novembro de 2011

A criatividade do tráfico de drogas Para driblar a fiscalização da Polícia, bandidos utilizam os mais diversos métodos para esconder entorpecentes


Foto: Policia Federal/Divulgação
Um fato é demonstrado por dados: o volume de drogas apreendidas pela Polícia Federal no Rio Grande do Norte tem crescido consideravelmente. No ano passado, o total de entorpecentes encontrados com traficantes e "mulas" alcançou 427 quilos, enquanto que em 2011 as apreensões de drogas já somam 1.231 kg. Por causa disso, os agentes federais de combate ao narcotráfico têm notado que os criminosos inventam as mais criativas formas de camuflar o volume de tóxicos que chegam ao território potiguar na tentativa de driblar a fiscalização. Drogas são disfarçadas dentro de tábuas de madeira, aparelhos eletrônicos e até mesmo diluídas em suco.

O policial federal Stênio de Almeida, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), lembra que em 26 de agosto deste ano a PF fez a maior apreensão de drogas do estado, quando foram encontrados 814 kg de maconha e 17 kg de cocaína em tábuas de madeira na cidade de São José de Mipibu. Apreensão semelhante se deu em 25 de dezembro do anopassado, quando 74 kg de maconha foram achados dentro dos assentos de cadeiras de balanço, no mesmo município. O policial lembra ainda de casos como o de cocaína encontrada diluída em garrafas de suco transportadas por um romeno em 2006. "Já encontramos também cocaína em roupas engomadas, na armação de malas, dentro de baterias de carro e dentro de tanques de combustível".

Mesmo com essas artimanhas, para o agente federal a forma mais emblemática de disfarce é a de cápsulas de drogas engolidas pelas chamadas "mulas" - pessoas que se dispõem a fazer o transporte da droga, mediante pagamento. "O que mais me impressionou até hoje foi uma das primeiras apreensões com nigerianos, em 1999. Dois deles estavam com quase 1 kg de cocaína no estômago cada um", comenta. Na opinião de Stênio de Almeida, essa é a forma mais difícil de se detectar a droga, mas também a mais perigosa para quem está transportando o tóxico. "Não dá para ver quem está carregando droga assim porque é dentro do corpo, mas a pessoa também corre orisco de morrer de overdose, caso as cápsulas se rompam".

O policial conta que os agentes têm de usar de muita perspicácia para conseguir flagrar o transporte de entorpecentes disfarçados. "Tudo depende da investigação, da conversa com os criminosos. No aeroporto, por exemplo, o nervosismo da pessoa é logo um indicativo de algo estranho. Então a gente começa a fazer perguntas e vasculhar. Muitas vezes temos de usar um narcoteste até mesmo em roupas para detectar a droga".


Stênio de Almeida diz que o que mais impressiona é o transporte de drogas dentro do estômago Foto: Carlos Santos/DN/D.A Press
Stênio de Almeida acredita que a criatividade dos traficantes tem crescido exatamente por causa da intensificação dos trabalhos da PF em identificar os narcóticos. Para se ter uma ideia do que o agente está falando, as apreensões de cocaína cresceram em 1.067,5% desde o ano passado. Já a quantidade de maconha apreendida deu um salto de 331,7% e a de crack aumentou em 37,5%. Somente as apreensões de haxixe sofreram uma queda: de 34,3 kg em 2010 para 1,7 kg este ano. Em 2011 também foram recolhidos pela PF 21,1 kg de pasta base, tipo de entorpecente não apreendido no ano passado.

Apreensões de drogas no RN

2011* - 2010

Cocaína 89,9 kg - 7,7 kg
Crack 255,7 kg - 185,9 kg
Maconha 862,6 kg - 199,8 kg
Pasta base 21,1 kg -- ---------
Haxixe 1,7 kg - 34,3 kg
Total 1.231 kg - 427,7 kg

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