sábado, 5 de novembro de 2011

Os perigos do lanche fora de casa

Especialistas alertam para os riscos que esse hábito pode trazer à saúde humana.

Já virou costume dos natalenses após sair do trabalho, da escola ou da faculdade a paradinha rápida no cachorro-quente da esquina, a passadinha rápida na barraca de batata-frita vendida nas paradas de ônibus ou a dedicação àquele picolé servido na caixa térmica. Tão rotineiro quanto comer sanduíche com refrigerante após as festas e outros grandes eventos, depois de latas e latas de cerveja. No fim de semana o lanche rápido também está lá, servido na praia nossa de cada domingo. A combinação de todos esses fatores representa, na verdade, um risco à saúde, especialmente quando a prática alimentar deixa de se tornar exceção e passa a ser rotineira. É o que dizem os especialistas em nutrição.


Os riscos à saúde podem ser ainda maiores para crianças e adolescentes em fase de crescimento Foto: Ana Amaral/DN/D.A Press
O cardápio é variado: sucos, vitaminas, chá mate, sorvete, salada de frutas, sanduíches, churrasquinho, cachorro quente, pastel. O estudante de Engenharia Elétrica da UFRN Élder Monteiro da Silva, 23 anos, sempre recorre a esses alimentos vendidos na rua. "Tenho que comê-los. Geralmente passo o dia inteiro fora de casa. Pela manhã trabalho e estudo pela tarde e à noite. Por isso recorro ao salgado, que é uma comida rápida e que engana a fome", diz.

Não é raro que alimentos servidos na rua provoquem diarreia. "Recentemente, eu e minha noiva fomos comer macaxeira com carne moída ao lado da parada do Circular, próximo ao Via Direta. Ficamos o final de semana inteiro mal da barriga", revela o rapaz. O problema dos produtos consumidos por pessoas como o natalense Élder e centenas de outras que passam o dia inteiro na rua é que os salgados consumidos deveriam ter menos gorduras, totais e saturadas. O consumo diário não poderia ultrapassar 25 gramas, o equivalente a uma xícara e meia de salgado por dia. "A combinação de salgadinho, refrigerante, hambúrguer e batata-frita, por exemplo, faz a pessoa se sentir pesada. Isso acontece porque a digestão de gorduras pelo organismo é mais lenta. O salgadinho não tem nenhuma vitamina e nenhum mineral na sua composição. Você enche a barriga,mas não se nutre", alerta a nutricionista Fátima Nunes.

O risco é ainda maior para quem está em fase de crescimento, caso dos adolescentes. "Provoca queda de cabelo, pele ácida e espinha. Muitas vezes eles substituem as refeições por este tipo de lanche e, daquilo que come, o organismo não tem uma boa absorção". O ideal seria consumir alimentos funcionais e optar por alimentos baratos. Não tem dinheiro? "Isso não é desculpa, principalmente pra quem trabalha. Não é vergonha pra ninguém levar uma solda preta, uma rapadura, um cuscuz para comer no intervalo. Ou frutas como banana, caju e manga, que estão disponíveis em abundância aqui no Estado. Coloque num saco e leve para o trabalho. É melhor não comer nada do que se alimentar com frituras".

Já pessoas que dispõem de mais recursos financeiros devem optar por alimentos melhores, "funcionais". Para Fátima Nunes, não há níveis ideais de consumo de produtos como frituras, coxinhas e pastéis fritos. "Eles têm muito sal e óleo na composição. A quantidade de sal, pordia, num ser humano saudável, deveria ser de no máximo 2 gramas nas 24 horas, e fritura, nenhuma, zero. A comida deve ser grelhada ou assada com pouquíssimo óleo, nunca frita", destaca. "Com relação à batata, a frita é ruim por causa do óleo, que oxida o alimento. E a acroleína gerada com o uso do óleo reutilizável provoca câncer. Comer aquilo diariamente é pedir pra morrer", alerta a nutricionista.

Sobre a dupla dinâmica salgado e refrigerante, Fátima Nunes orienta que, no caso dos refrigerantes, se houver cafeína na composição do líquido, pior para a saúde. "A cafeína tira cálcio do organismo. Se o refrigerante for do tipo 'zero açúcar', o ciclamato de sódio presente na fórmula é terrível, até engorda e é ruim para os diabéticos. E se for o normal, também é prejudicial porque tem açúcar branco". Os refrigerantes também são dotados de gás, que possuem uma quantidade muito grande de ácido fosfórico. "Esse ácido rouba cálcio dos ossos. Refrigerante é como salgado. É um anti-alimento. Não tem nutrientes", conclui Nunes.

O guia da boa comida servida na rua

O manipulador (pessoa que lida com a comida na rua) também deve se atentar à higiene pessoal: Lavar sempre as mãos ao usar o banheiro com sabonete líquido. Lavá-las também sempre que usar produtos diferentes como frango e carne. Outro detalhe: "Dinheiro com alimento não combinam", avisa Gláucia Nunes, da Covisa. Também é importante ao vendedor de comidas ter atestado de saúde ocupacional, não fumar durante a manipulação de alimentos, usar proteção capilar (rouca ou boné) e um jaleco, não falar desnecessariamente e não assobiar. Quem tem cortes na mão ou antebraço ou esteja gripado ou resfriado não deve manipular alimentos. Adornos como anéis, pulseiras e brincos, relógios, unhas compridas com esmalte também não devem ser usados. "Em geral o asseio pessoal é importante. O manipulador deve estar todo aparamentado, demonstrando estar o mais higiênico possível".

Alimentos


Ao optar por comer na rua, o ideal é tomar medidas de prevenção Foto: Fabyana Mota/ON/D.A Press
Industrializados - Em geral seguir a recomendação do fabricante com relação à manipulação, congelamento e data de validade. Hambúrgueres, salsichas, ovos e queijos, por exemplo, devem ser inspecionados pelos órgãos da agricultura (federal ou estadual) e ter um selo de inspeção.

Caseiros - No caso dos hambúrgueres caseiros, a matéria prima (carne moída/soja) tem que vir de origem segura (abatedouros regulares), e estar previamente sob refrigeração. No caso da carne, o ideal é que seja moída na frente do consumidor.

Saladas de frutas - A principal orientação é cortar as frutas no dia, para evitar perda de vitaminas. Se forem consumidas cruas, devem ser bem lavadas e desinfetadas com produtos próprios. Depois de cortadas as frutas, com as mãos bem higienizadas, mantê-las sob refrigeração antes de servi-las (média 8ºC).

Salgados - As frituras devem ser preparadas com óleo vegetal. O óleo deve ser trocado porque muda de cor após o uso, apresentando sujeira e conferindo ao alimento substâncias não-desejáveis. Aprincipal característica do óleo que precisa ser trocado são a cor escura, presença de espuma, fumaça e resíduos de alimentos. Também é preciso ter cuidado com o descarte. O óleo deve ser coletado em vasilhas específicas e destinado à coleta pública.

Cafés e sucos - o café tem que ser servido quente e em material descartável. Copos e pratos descartáveis devem ser bem acondicionados na casa do vendedor ambulante, protegidos de poeira e de insetos como baratas e roedores. As frutas do suco devem ser higienizadas e, especialmente, feitos de água mineral ou filtrada. "Não fazer com água da torneira", recomenda a nutricionista. "Se forem feitos com polpa, devem ser registradas no Ministério da Agricultura e mantidas congeladas".

Copos, pratos e canudos - Após usados os descartáveis, jamais reutilizá-los. Com relação aos canudos, usar preferencialmente os embalados individualmente.

Gelo - deve ser adquirido embalado e rotulado. Para ser adicionado às bebidas é preciso que o gelo utilizado esteja na forma de cubos.

Maionese, ketchup e mostarda - Usá-los preferencialmente na forma de sachês. Depois de abertos, não podem ficar em cima dos carrinhos.

+ Mais
Capital não sabe quem são, nem quantos são os ambulantes

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Diga abaixo o que achou deste post